SOBRE O 4º CONGRESSO NACIONAL DO PSOL

03/12/2013 06:05

O 4º Congresso Nacional do Psol realizado em Luziânia-Goiás, teve início na sexta-feira (29/11), no Centro de Treinamento da CNTI (Confederação Nacional dos Trabalhadores da Indústria), começou sobre clima tenso porque na abretura do Congresso os delegados do Bloco de Esquerda não apareceram, pois estavam em reunião parelela à da mesa de abertura e falando sobre a mesa de abertura, estavam compondo a mesma Francisvaldo Mendes (Sec. de Finanças PSOL), Edson Silva (Sec. Geral PSOL), Marinor Brito (Vereadora de Belém-PA), Clécio Luís (Prefeito de Macapá-AP), Randolfe Rodriguês (Senador da República-AP) e Ivan Valente (Presidente Nacional do PSOL).

 

"Estamos dando início a um processo muito importante e rico do nosso partido. O desafio que está colocado é a nossa capacidade de fazermos a leitura da realidade. De ver a realidade com os olhos da população e termos a capacidade de dialogar com esses setores. A nossa militância tem que estar ao lado dos trabalhadores", disse o Secretário de Finanças do PSOL, Francisvaldo Mendes, o primeiro dirigente nacional a falar na abertura do evento.

Representando as mulheres na mesa de abertura, a vereadora de Belém e membro da Executiva Nacional do PSOL, Marinor Britto, ressaltou que o partido quer uma sociedade diferente, em que não haja diferença entre homens e mulheres. "Todos nós que estamos nesse partido temos disposição de lutar pela transformação da sociedade. Todos nós fomos às ruas com a juventude nas jornadas de junho. Temos uma tarefa a cumprir nesse momento histórico. E precisamos nos debruçar sobre o nosso papel no próximo período. Não temos tempo a perder", enfatizou Marinor.

O secretário-geral do PSOL, Edilson Silva, ao saudar os participantes do IV Congresso Nacional, lembrou a história do partido e as expectativas que muitos carregavam ao romper com outros setores do campo da esquerda para construir um novo partido. Na avaliação de Edilson, passados quase dez anos o PSOL conseguiu se firmar como uma importante alternativa de esquerda socialista e democrática. "O PSOL tem feito a diferença. Os nossos parlamentares estão entre os mais bem avaliados no Congresso Nacional. A nossa militância esteve nas ruas nas jornadas de junho. E nós precisamos sair desse congresso armados e preparados para estarmos ao lado dos trabalhadores e do povo", finalizou o secretário-geral.

O prefeito da única capital governada pelo PSOL, Clécio Luis, saudou os participantes do congresso como representante da militância da região Norte, lembrando as medidas de inclusão já adotadas pelo seu governo em Macapá. "Trazemos a experiência de uma prefeitura da região Norte, na Amazônia. De uma cidade que tem a menor tarifa de ônibus do país e que foi uma das primeiras a implementar o passe livre para os estudantes. Uma prefeitura que tem o congresso do povo e governa com participação popular", enfatizou. Clécio aproveitou a sua fala para ressaltar a importância da unidade da militância do partido. "O PSOL é um partido nacional, que tem militantes de norte a sul, e por isso tem que ter unidade. Mas uma unidade que compreenda que cada região do país tem as suas especificidades", pontuou.

O senador Randolfe Rodrigues abriu sua fala citando um trecho do hino da Internacional Comunista que dizia "paz entre nós e guerra aos inimigos". O senador foi enfático ao dizer quem são os verdadeiros inimigos dos trabalhadores e do povo brasileiro. "O inimigo número 1 é o agronegócio, o capital financeiro, as grandes empreiteiras. E eles não estão aqui. Eles estão de outro lado", enfatizou Randolfe. Ao falar dos desafios do PSOL no próximo ano, o senador amapaense destacou que o partido precisa trabalhar para aumentar a sua bancada no Congresso Nacional, fazendo uma referência aos deputados federais. "A nossa bancada na Câmara é de longe a melhor. São três deputados, mas que valem por 30, 60 e até por 100 deputados. Quando ampliarmos essa nossa bancada, imaginem o trabalho que vamos dar ao agronegócio, aos ruralistas e aos grandes empresários".

Com um clima de entusiasmo e grandes expectativas predominando no auditório, o presidente do partido, deputado Ivan Valente, encerrou a abertura agradecendo a participação de todos os militantes presentes e convidou os delegados a pensar, nos três dias de congresso, nas ações para enfrentar a ofensiva do "agronegócio, dos banqueiros e dos grandes empresários". Em sua fala de encerramento, interrompida constantemente por fortes aplausos da militância, Ivan Valente reforçou o entendimento de que nesses anos o PSOL tem se firmado como um partido programático, de esquerda e socialista. "Nós somos a opção para ocupar o espaço à esquerda. Queremos e temos condições de ter o melhor programa para as eleições do ano que vem. O PSOL nasceu para superar o capitalismo, pois ele é socialista, democrático e de massas. Que saiamos daqui armados para a luta nas ruas. Viva o PSOL, viva os trabalhadores", finalizou Ivan Valente.

No segundo dia, com a presença do Bloco de Esquerda, o plenário parecia uma panela de pressão em processo de ebulição, pois havia um tremendo barulho provocado por gritos de guerra entoados tanto pelo Bloco de Esquerda quanto pela Unidade Socialista que claramente estava em maioria e encobria os gritos do Bloco de Esquerda.

Quando o Professor Luís Araújo iniciou os trabalhos da mesa, alguns militantes do Bloco de Esquerda ocuparam o pauco em tentativa frustrada de querer boicotar o congresso. Porém, com muita sabedoria, as lideranças das forças políticas entraram em acorda em continuar o congresso, tudo isso se deu devido uma acusação do Bloco de Esquerda de que houve fraude nas eleições de delados no Amapá e Tocantins. Todavia, os trabalhos foram retomados e foram feitas as defesas das teses inscritas ao processo congressual. Ao todo, foram inscritas 9 teses, que conforme definia o regulamento do 4º Congresso Nacional, tiveram a assinatura de pelo menos 400 filiados ao partido. 

“Para o PSOL continuar necessário”, a primeira tese apresentada na noite, foi defendida pelo deputado federal do Rio de Janeiro, Chico Alencar. “Nós somos um partido constitutivamente plural e diverso. E a construção do PSOL é algo que não é somente nós que queremos, mas é algo que é necessário para a população oprimida e para os setores excluídos desse país”, ressaltou o deputado em sua defesa.

A segunda tese apresentada na noite, “Tomar as praças e as ruas, avançar nas conquistas rumo ao Socialismo”, foi defendida pelo membro da Executiva Nacional, Leandro Recife. Em seguida, Bernadete Menezes e o deputado estadual pelo PSOL no Pará, Edmilson Rodrigues, defenderam a tese “Unidade Socialista por um PSOL popular”. “Queremos um projeto socialista e solidário de país. Sonhamos com um governo que enfrente o latifúndio, que alimente a revolução agrária e a emancipação dos trabalhadores camponeses e urbanos. E o PSOL tem condições de apontar para esse caminho”, afirmou Edmilson, durante a sua defesa.

A ex-deputada federal do Rio Grande do Sul e também umas das pré-candidatas à Presidência da República pelo PSOL, Luciana Genro, ao defender a tese “Por novos levantes no Brasil”, ressaltou que o PSOL precisa considerar as reivindicações apresentadas nas ruas durante as jornadas de junho. “O que aconteceu nas ruas em junho não é pouca coisa e precisa dar forma as nossas ações daqui pra frente. O povo colocou os limites do Estado burguês. Então temos a tarefa de mostrar que o nosso partido tem capacidade de dar sentido totalizante ao conjunto das reivindicações apresentadas”, defendeu Luciana.

“A nossa militância está do lado dos indígenas de Mato Grosso do Sul que enfrentam os ataques do agronegócio, dos professores do Rio que enfrentaram o governo de Cabral. Nós queremos um partido unido e precisamos nos movimentar com base nas vozes de junho”, disse o também pré-candidato à Presidência da República Renato Roseno, ao defender a tese “Democracia real já, nas ruas e no PSOL”.

As militantes Jane Barros e Sônia Godeiro e o militante Robério Paulino apresentaram a tese “Por um PSOL afinado com as ruas: de luta, socialista e radicalmente democrático”. O delegado pelo PSOL do Rio de Janeiro, Michel Oliveira, defendeu o documento “As jornadas de junho, nossa estratégia e os desafios do PSOL”. Raul Marcelo, delegado pelo PSOL de São Paulo, defendeu a tese “PSOL: um partido para a revolução brasileira”. E, por último, os militantes Rogério Silva e Fernando Carneiro apresentaram a última tese da noite: “Avançar a resistência popular e defender o PSOL”.

No domingo (1º/12), por maioria de votos, os delegados e as delegadas presentes no 4º Congresso Nacional do PSOL, escolheram o senador do Amapá Reandolfe Rodrigues para representar o partido na eleição presidencial de 2014. A definição se deu logo após a votação sobre se essa decisão seria levada para as prévias no ano que vem ou se seria definida ainda durante o 4º Congresso Nacional. Também por maioria, os delegados aprovaram definir a candidatura do PSOL agora.

Além de Randolfe, também foi lançado, como pré-candidato, o nome da ex-deputada do Rio Grande do Sul Luciana Genro.

A defesa do nome de Randolfe como candidato ao cargo máximo do Executivo nacional foi feita sob forte aplausos pelo atual prefeito de Macapá, Clécio Luís, e pelo presidente nacional do PSOL eleito neste domingo, Luiz Araújo. “A candidatura de Randolfe certamente será uma novidade para desbancar as candidaturas conservadoras, representadas por Aécio, Campos-Marina e Dilma. A insatisfação da população foi mostrada nas manifestações de junho e temos um desafio grande de responder e dialogar com essas reivindicações e com os setores que foram às ruas”, disse Luiz Araújo.

Em entrevista coletiva logo após a decisão do 4º Congresso Nacional, o pré-candidato Randolfe Rodriguês afirmou que as candidaturas até agora apresentadas não representam mudança, porque propõem a manutenção do modelo político existente. “Esse modelo não teve mudança, não teve ruptura desde o final da ditadura militar. É um modelo que mantém um padrão de desenvolvimento econômico, que tem levado ao país a não ter crescimento. Que tem mantido o nosso país como a 95ª nação do planeta no ranking da Unesco”, enfatizou.

De acordo com o candidato, o PSOL pretende, durante a campanha de 2014, pautar as questões importantes para o conjunto da população e que foram expressadas nas manifestações realizadas no mês de junho. “Como é que pode esse país realizar obras gigantescas e faraônicas para a Copa do Mundo em nome de uma entidade mundial do futebol, com suspeita de corrupção, e como pode esse mesmo país não resolver os seus dilemas de educação, saúde e mobilidade urbana? Nós queremos dialogar, concretamente, com as mobilizações do povo brasileiro do último junho, quando o povo brasileiro foi reivindicar nas ruas por mudança”, pontuou o senador e candidato à Presidência da República pelo PSOL.

Segundo Randolfe, nas próximas semanas a nova direção do PSOL, juntamente com ele, deve definir as ações e as estratégias da campanha do PSOL em 2014. “Vamos discutir e organizar uma coordenação de campanha, reunindo todos os setores do partido. Abrir o diálogo com os outros partidos do campo da esquerda, como PSTU e PCB, abrir diálogo com os movimentos sociais, como o MST, e começar a construir uma agenda e um programa de governo, envolvendo o partido e envolvendo esses setores sociais”.

Para finalizar, digo que esta experiência fica marcada pelo aprendizado, acima de tudo do comportamento humano, visto que ali vimos os mais diversos comportamento que variavam da sensatez até o anarquismo, e no nosso de vista todos esses comportamentos são necessários para o crescimento do partido, muito embora alguns militantes tentarem ultrapassar os limites acordados em regimento. Logo após o término do congresso, a delegação paraense se dirigiu ao aeroporto internacional de Brasília-DF para retornar ao Pará. Fiquei muito feliz de ter participado deste momento importante de nossa militância socialista, ainda mais por ser eu, Ronaldo Alves, o único representante do Marajó que estava credenciado com direito a voz e voto no congresso.

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