DEPUTADO FEDERAL JEAN WYLLYS EMITE CARTA DE APOIO À PRÉ-CANDIDATURA DE RANDOLFE A PRESIDÊNCIA DO BRASIL

04/12/2013 22:20

Na data de hoje, 04/12/13,  o Deputado Federal  Jean Wyllys do PSOL do Rio de Janeiro escreveu um manifesto à militância do partido, em especial à do Bloco de Esquerda. Veja o texto na íntegra aqui em nosso blog: 

À militância do PSOL 

No último fim de semana, o PSOL realizou seu congresso nacional para renovar autoridades, debater a situação nacional e fixar a estratégia do partido para as eleições de 2014. Com relação a esse último ponto, o congresso também decidiu adiantar a escolha do candidato à Presidência da República e foi indicado, por maioria, o nome do senador Randolfe Rodrigues. A militância e todos os que me conhecem bem sabem que sou reticente a participar das disputas entre correntes (de fato, não sou filiado a nenhuma), não porque desconheça a importância que elas têm para dinamizar e democratizar o debate interno sobre o papel e os rumos do PSOL, mas porque sempre achei que existe uma tendência a se fazer esse debate com pouco cuidado pela casa comum que nos abriga. Meus inimigos (aqueles que defendem todas as formas de opressão contra o povo, contra as quais luto todos os dias, no parlamento e nas ruas) estão fora e não dentro do PSOL. A luta interna, entendida como debate ideológico, programático, político, metodológico, e inclusive como disputa de poder, é necessária e faz parte da vida de qualquer partido, mas deve ser feita de forma democrática e reconhecendo o direito de quem pensa diferente a defender sua posição sem vetos, o que nem sempre acontece. Meu desejo é ver um PSOL mais unido, mais democrático, melhor organizado e com mais respeito — e até carinho — entre todos e todas nós. Apesar da dinâmica interna, nossa responsabilidade é construir uma alternativa política para os milhares de brasileiros e brasileiras que encheram as ruas em junho para dizer que querem um país diferente. Digo tudo isso porque o PSOL chegou ao seu congresso nacional no meio de uma forte polêmica sobre o perfil que deveria ter sua nova direção nacional e sobre o programa e o nome que deveria representá-lo nas eleições de 2014. Nunca me furtei a esse debate e fiz pública a minha preferência pelas propostas e perspectivas apresentadas pelo Bloco de Esquerda e outros setores independentes e pelos nomes de Chico Alencar (que não aceitou a indicação), Luciana Genro ou Renato Roseno (de fato, o voto do delegado nacional identificado com meu mandato foi por Luciana). Chegamos ao congresso com uma forte polarização e uma disputa necessária foi feita, mas o congresso acabou e é hora de recuperarmos a unidade para enfrentar a mesmice que os partidos da ordem nos oferecem. Lá fora está o governo Dilma fazendo os leilões do pré-sal, entregando nossos recursos naturais e ignorando a proteção do meio ambiente; destinando aos juros da dívida o dinheiro que falta na saúde e na educação; trocando os direitos humanos das minorias por palanques com fundamentalistas e perpetuando a opressão contra mulheres, negros, homossexuais, transexuais, povo de santo e outros grupos vitimados pelo preconceito e a desigualdade; pisoteando os direitos dos povos indígenas (com mais assassinatos e menos demarcações de terra a cada ano) para favorecer o agronegócio; usando as forças repressivas para conter os protestos populares e consentindo as violações aos direitos humanos por parte da polícia, etc. Lá fora estão, também, as oposições de direita e os projetos sem conteúdo nos oferecendo mais (ou pior) do mesmo. Contra tudo isso, o PSOL precisa estar unido em torno de uma fórmula presidencial própria, sem alianças com os partidos da ordem, e com um programa e uma campanha que represente uma alternativa de esquerda a tudo isso que está aí. Na minha opinião, essa unidade poderia ter sido construída muito mais facilmente e de forma mais justa se, como foi proposto durante o congresso pelos meus queridos companheiros Marcelo Freixo e Chico Alencar (proposta que nasceu, inclusive, do meu mandato), o PSOL tivesse convocado a um processo democrático de prévias para a escolha da candidatura presidencial com a participação de militantes e filiados e absoluta transparência. Contudo, não foi a escolha da maioria dos delegados, que preferiram adiantar os tempos e eleger o companheiro Randolfe Rodrigues como candidato à Presidência. Embora não tenha apoiado sua pré-candidatura no congresso do partido, não concordo com as desqualificações que, produto das divergências internas, são feitas contra ele. São injustas, desproporcionadas e prejudicam a imagem do PSOL. Da mesma maneira, não concordo com as desqualificações que, vindas do grupo que apoia o senador, são feitas contra outros companheiros e companheiras do partido, com discursos que chegam a ser macartistas. Isso contamina qualquer discussão, resta força aos argumentos e transforma a política numa briga de torcidas que não serve para nada. Randolfe — com quem divido, no dia-a-dia, uma luta difícil no Congresso Nacional, dominado pelos interesses das corporações — é um destacado quadro da esquerda brasileira, cuja atuação no Senado Federal me orgulha muito. Não tenho dúvidas de que pode ser um excelente candidato e estou preparado para fazer campanha por ele, como faria por Chico, Luciana ou Renato. Meu compromisso com a campanha do PSOL é total e participarei dela ativamente. Seja qual for a fórmula presidencial do partido, contará com meu apoio incondicional como militante e assumo o compromisso de estar ao lado dos nossos candidatos, percorrendo o país e defendendo junto a eles uma alternativa de esquerda, democrática e popular. Espero que os debates que ainda estão em aberto sobre essa questão, que são legítimos, possam ser resolvidos rapidamente, com maturidade e responsabilidade, para que possamos voltar a página começar a campanha. Isso não nos impedirá de seguir trabalhando para mudar tudo o que precisamos mudar, também, no PSOL. E espero que todas as tendências participem ativamente da formulação e realização de uma campanha que tenha a cara do PSOL. Uma campanha que seja de todos nós e que expresse, sem sectarismos nem personalismos, o que é consenso para toda a militância do partido. Espero — e também me parece importante deixar isso em claro — que a campanha do PSOL não tenha medo de entrar em alguns debates muito caros ao meu mandato e que os candidatos dos partidos da ordem sempre evitam: a necessária aprovação da lei de casamento civil igualitário e da lei de identidade de gênero, a legalização do aborto, o fim da política de criminalização das drogas, a construção de um estado laico e sem fundamentalismos, o fim da perseguição e discriminação contra o povo de santo, a desmilitarização da polícia e o fim da repressão contra pobres, negros e moradores da periferia. Enfim, uma campanha sem medo de dizer o que o PSOL pensa sobre o Brasil que queremos. Uma campanha tão bonita, mobilizadora, programática e audaz como a que vivemos durante a primavera carioca do ano passado na minha querida cidade do Rio de Janeiro.

 Um grande abraço, 

Jean Wyllys

FONTE: https://jeanwyllys.com.br/wp/a-militancia-do-psol

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